Editora: Tinta da China Brasil l Ano: 2018 / Páginas: 320
📖"especial, pensava Rogério, essa malfadada palavra que não quer dizer nada até ser trocada pelos cêntimos de realidade a que corresponde, e Rogério pensava, não sem mágoa, que o seu filho era especial num sentido em que ele gostaria que fosse normal e que era normal num sentido em que ele talvez gostasse que ele fosse especial". Pág. 93📖
#efincoresenha Conheci esse livro, através da indicação de um neurologista. E assim, sem nem ler a sinopse, entrou na minha lista de quero ler. Encontrei a edição física, e acabei por ganhar de presente. E a leitura não me revelou poucas surpresas.
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É um relato cru e doloroso, sem nenhum filtro, de um pai que não sabe lidar com seu filho pós diagnostico e pouco faz para ajudar a mãe que se propõe a lutar pelo bem-estar do filho. Mas não é apenas isso que faz o livro ser uma leitura difícil, explico: ele é escrito e publicado aqui em português de Portugal, então tempos palavras que são de fácil entendimento como "telemóvel" e outras que requerem uma ida ao dicionário.
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Além disso, o autor remete uma escrita que relembra alguns clássicos, com mais de um narrador que alternam a narrativa sem indicação prévia, um português que beira ao acadêmico mesmo em momentos cotidianos e uma verborragia escrita, que além das ações, temos as descrições de pensamentos e silêncios. E um dos narradores que em alguns momentos beira a monstruosidade porque o filho "veio com defeito".
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Enfim, realidade em estado bruto e sem tratamento do que é a realidade para algumas famílias quando tornam o comportamento do filho em diagnóstico e precisam lidar com o fato que seu filho não será igual aos coleguinhas, que a régua de medida que irão usar nunca será a mesma e que não conseguem ver no diferente nenhum motivo de alegria. Ou seja, o retrato de pessoas que são egocêntricas e dadas a não se importar com o que não é como imagina ou espera que seja.
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